Continuando com as postagens do blog, ressaltando a Fender brasileira que nesse ano completou 22 anos de seu projeto e fabricação: a Fender Southern Cross. Assim, vamos abordar um pouco sobre a série fabricada no Brasil pela Giannini de 1992 a 1995, sob supervisão da Fender e coordenação de Carlos Assale, mistérios, lendas, curiosidades e opiniões sobre o instrumento.
Em meados dos anos 1990, a Giannini (conhecida fábrica brasileira por produzir instrumentos musicais para o mercado interno e exportação), obtém licença para a fabricação do projeto Southern Cross. O que parecia um sonho ou ideia inicial se torna viável através da parceria com a lendária matriz americana, cujo objetivo era ter um fornecedor de violões tradicional, a quem pudesse confiar essa linha de instrumentos. No mesmo ano, Assale interrompe seus trabalhos na fábrica da Dolphin e é convidado por Giorgio Giannini para assumir a direção técnica da empresa, bem como desenvolver e tornar possível o projeto Fender no Brasil. Ainda que o mercado de instrumentos musicais no país estivesse em baixa no início dos anos 90 e em razão de uma economia instável e duvidosa, construir uma Fender no Brasil representava muito mais que um simples desejo da empresa, mas abria a possibilidade de expandir mercado e conquistar os músicos consumidores brasileiros, cansados de importar seus instrumentos produzidos especialmente nos Estados Unidos, Japão e Coréia. O trabalho inicia em 1991 onde pequenas amostras eram construídas e aperfeiçoadas com o objetivo de enviá-las para aprovação. Em pouco tempo o braço foi aprovado, o corpo do instrumento levou em média dois anos e muitas amostras com madeira do tipo Cedro Rosa e testes com o shape do instrumento foram feitos, desenvolvendo tecnologia para a construção ideal da guitarra. Sabe-se que a Fender é detalhista, obsessiva e dedicada ao shape da Stratocaster, tornando parte de sua marca registrada, justificando os cuidados e medidas necessárias por parte dos funcionários da empresa, e em especial, por Carlos Assale. Após toda a insistência por parte dos brasileiros, Dan Smith, diretor de marketing da Fender, envia um documento declarando que o produto tinha melhorado, autorizando que a guitarra fosse produzida fora de suas fábricas em território americano e assim ostentasse o nome Fender no headstock, causando euforia aos representantes envolvidos no projeto. Foi então que a produção começou.
Os lotes fabricados entravam no mercado brasileiro depois que um representante da Fender viesse fazer a tal "minuciosa inspeção". O controle de qualidade era bastante rigoroso: as guitarras eram pesadas, medidas e inspecionadas, após a confirmação dos resultados, os instrumentos estavam prontos para os consumidores brasileiros. Foram produzidos ao todo cerca de 5000 instrumentos de 1993 a 1995, quantia relativamente baixa em razão do pequeno período de três anos, tornando a Southern Cross objeto de admiradores: colecionadores e músicos encontram dificuldades, por exemplo, de encontrar um exemplar que esteja original ao lançamento de fábrica, ou até mesmo, com o logotipo intacto “Made in Brazil” preservado no headstock. Muitos vendedores em meados dos anos 2000 lixavam a inscrição com o objetivo de enganar consumidores, alegando que o instrumento era importado e assim aceleravam as vendas pela internet, alegando ser uma Fender autêntica, e não uma construída pela Giannini.
A desvalorização era tanta, que muitos a tratavam como Giannini e não como Fender, devido grande preconceito de ter sido produzida nas instalações da fábrica brasileira. Infelizmente, algumas coisas no Brasil tendem a não dar certo e, em meados de 1995, a produção foi cancelada porque as peculiaridades econômicas do país somadas ao royalty muito alto tornaram o projeto economicamente inviável, sendo assim, a empresa não obteria lucros considerados esperados a menos que aumentassem consideravelmente o valor dos instrumentos, quebrando com o principal objetivo do projeto: um instrumento que apresentasse alta qualidade com preços dentro dos padrões de mercado brasileiros.
Os lotes fabricados entravam no mercado brasileiro depois que um representante da Fender viesse fazer a tal "minuciosa inspeção". O controle de qualidade era bastante rigoroso: as guitarras eram pesadas, medidas e inspecionadas, após a confirmação dos resultados, os instrumentos estavam prontos para os consumidores brasileiros. Foram produzidos ao todo cerca de 5000 instrumentos de 1993 a 1995, quantia relativamente baixa em razão do pequeno período de três anos, tornando a Southern Cross objeto de admiradores: colecionadores e músicos encontram dificuldades, por exemplo, de encontrar um exemplar que esteja original ao lançamento de fábrica, ou até mesmo, com o logotipo intacto “Made in Brazil” preservado no headstock. Muitos vendedores em meados dos anos 2000 lixavam a inscrição com o objetivo de enganar consumidores, alegando que o instrumento era importado e assim aceleravam as vendas pela internet, alegando ser uma Fender autêntica, e não uma construída pela Giannini.
A desvalorização era tanta, que muitos a tratavam como Giannini e não como Fender, devido grande preconceito de ter sido produzida nas instalações da fábrica brasileira. Infelizmente, algumas coisas no Brasil tendem a não dar certo e, em meados de 1995, a produção foi cancelada porque as peculiaridades econômicas do país somadas ao royalty muito alto tornaram o projeto economicamente inviável, sendo assim, a empresa não obteria lucros considerados esperados a menos que aumentassem consideravelmente o valor dos instrumentos, quebrando com o principal objetivo do projeto: um instrumento que apresentasse alta qualidade com preços dentro dos padrões de mercado brasileiros.
A Giannini deixou de fabricar a Fender Stratocaster Southern Cross, devido aos altíssimos royalties pagos à matriz norte-americana, e deu continuidade no mesmo período a nossa velha conhecida Giannini Stratosonic, que era apenas uma sombra baseada no projeto inicial da Southern Cross. Quem já teve a oportunidade de ter uma delas sabe que perdem em qualidade, acabamento e construção, comparando a Fender brasileira dos primeiros lotes (principalmente se comparadas as que saíram com o selo Squier Series). Atualmente, alguns vendedores ou músicos se equivocam em afirmar que a Southern Cross e as stratos Giannini são a mesma coisa, pois apresentam características completamente diferentes ao que se refere construção, acabamento e shape dos instrumentos, embora as madeiras utilizadas fossem as mesmas: Cedro e Marfim Imperial.
O principal fator negativo alegado por pessoas conhecedoras e proprietários do instrumento, é que algumas unidades construídas no último ano de fabricação apresentaram alguns detalhes que às tornam inferiores ás primeiras produzidas, fato que pode ser facilmente confirmado observando as inúmeras fotografias na internet e comparações com o recorte e acabamento da madeira do braço e corpo do instrumento. Além disso, já tive a oportunidade de testemunhar uma Southern do lote de 1995 que tinha o braço em Marfim com a escala colada, isso mesmo.. nada igual as primeiras que eram de uma única peça (one piece). PS: Aqui mesmo no blog, tem outro post abordando melhor o fim da parceria com a Fender e mostrando um pouco do que encontrei das diferenças de construção dessas guitarras.
Imagens tiradas de uma Southern Cross customizada de minha coleção, essa acabei vendendo a alguns anos atrás, para poder investir em uma Fender Stratocaster americana.
Linha do tempo:
1989: Último ano de Carlos Assale no comando da Dolphin;
1990: Carlos Assale assume o comando da Giannini;
1991: (Janeiro/Junho) Viagem para os USA, apresentações em Corona e contrato com a Fender;
1991: (Julho/Dezembro) Primeiras amostras e tentativas de reprodução do shape Fender;
1992: (Janeiro/Junho) Ajustes finais e organização da estrutura na fábrica para início da produção;
1992: (Julho/Dezembro) Início da produção 1º lote (sem vendas)
1993: (Janeiro/Junho) Início das vendas com selo "Squier Series" (1º lote);
1993: (Julho/Dezembro) Vendas do 2° lote (ainda com o selo "Squier Series);
1994: (Janeiro/Junho) Substituição do selo "Squier Series" pelo selo "Southern Cross" (1º lote);
1994: (Julho/Dezembro) 2° lote de vendas da Southern Cross.
1995: (Janeiro/Junho) Perda significativa na qualidade de construção + falta de padrões + altos encargos + royalties + funcionários insatisfeitos.. etc..
1995: (Julho/Dezembro) Fim da parceria;
Linha do tempo:
1989: Último ano de Carlos Assale no comando da Dolphin;
1990: Carlos Assale assume o comando da Giannini;
1991: (Janeiro/Junho) Viagem para os USA, apresentações em Corona e contrato com a Fender;
1991: (Julho/Dezembro) Primeiras amostras e tentativas de reprodução do shape Fender;
1992: (Janeiro/Junho) Ajustes finais e organização da estrutura na fábrica para início da produção;
1992: (Julho/Dezembro) Início da produção 1º lote (sem vendas)
1993: (Janeiro/Junho) Início das vendas com selo "Squier Series" (1º lote);
1993: (Julho/Dezembro) Vendas do 2° lote (ainda com o selo "Squier Series);
1994: (Janeiro/Junho) Substituição do selo "Squier Series" pelo selo "Southern Cross" (1º lote);
1994: (Julho/Dezembro) 2° lote de vendas da Southern Cross.
1995: (Janeiro/Junho) Perda significativa na qualidade de construção + falta de padrões + altos encargos + royalties + funcionários insatisfeitos.. etc..
1995: (Julho/Dezembro) Fim da parceria;
William de Oliveira