terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Amigo Strateiro: Tagima 635


Olá amigos, dando continuidade nas postagens, conforme fizemos em Janeiro onde convidei um amigo a postar sua stratocaster, dei continuidade a ideia e convidei outro amigo que costuma ser adepto ao costume de ser "strateiro nas horas vagas" para participar no mês de Fevereiro e postar as imagens, além de ter a oportunidade de comentar sobre seu instrumento, onde a única regra para participar da coluna "Amigo Strateiro" é que o instrumento precisa "ser strato" e o amigo também precisa "ter a strato". 

Conforme mencionei em Janeiro, outras pessoas também podem usar esse espaço para compartilhar informações e experiências com seus instrumentos, nada mais legal do que somar vivências. Quer que sua Stratocaster seja postada no blog? Entre em contato conosco. 

Para abrir esse espaço, convido para o mês de Fevereiro o amigo Francisco Ferreira, proprietário de uma brasileiríssima Tagima Stratocaster.

Nome: Francisco Ferreira
Cidade: Curitiba/PR
Proprietário: Tagima 635 Stratocaster
Serial Number: --


Conte um pouco da sua história com o instrumento: onde, como e quando comprou?


Esta guitarra comprei em Junho de 2001 em Curitiba e foi a minha segunda guitarra. Tinha saído de uma tonante e juntei um dinheiro para comprar uma guitarra melhor. Na época tinha pouco conhecimento e estava na loja inclinado a comprar uma Epiphone quando um guitarrista experiente que por lá tocava bateu um papo comigo e disse que este instrumento me seria útil pela vida inteira. E não deu outra. 


Para você, o que representa ter uma Tagima?


Representa o orgulho de ter um instrumento nacional, feito à mão, com uma qualidade de construção e acabamento digna de um instrumento padrão internacional. Essa foi com certeza o fim de uma linha vitoriosa de instrumentos de uma fábrica audaciosa que aceitou o desafio de fazer instrumentos à mão e em série com um custo-benefício muito bom para a época. Infelizmente hoje vivemos uma divisão no país. As marcas que fazem instrumentos na china, e os luthiers que lançam suas marcas com instrumentos de grande qualidade, mas com preços que afastam o público que busca um equipamento mais em conta.


Como você definiria o som desse instrumento?


Consistente. Ela tem todos os trejeitos de uma strato clássica. Tanto na construção como na sonoridade. Por ter diferentes madeiras em relação ao projeto original da Fender, obviamente o seu som tem contornos diferentes. Tem um timbre mais abafado. O som de uma forma geral é muito bonito e depois de tantos anos explorando o instrumento, considero esta uma guitarra muito boa para timbres limpos.


Qual o principal ponto forte da guitarra?


O acabamento. Para os 700 reais pagos na época ela tem um acabamento de primeira. A qualidade do verniz, polimento e do preparo que foi dado antes na madeira é impressionante. Peças como ponte, trastes e nut também foram instalados com perfeição.


Qual o principal ponto fraco da guitarra?


A “decepção” natural que qualquer guitarrista tenha ao tocar esta guitarra é não encontrar aquele “punch” típico de uma Stratocaster Fender. Com Overdrive e distorção ela não mostra tanto o seu som, por isso com o passar dos anos optei por utilizá-la para levadas limpas no estilo funky, jazz e blues. Para um guitarrista mais solista falta definição no timbre para enfeitar os solos.


Pretende fazer algum upgrade ou já fez alguma modificação na guitarra?




Como foi a minha primeira guitarra com mais qualidade, tentei tirar de um único instrumento todos os timbres que me influenciaram. Nunca fiz modificações pesadas, apenas testei todo o tipo de captadores disponíveis no mercado. Cerâmicos, Alnico, Ativos, Duplos (Hot Rails). A combinação que ficou definitiva e melhor aproveitou o som do instrumento foi um set de Single Coils “Vintage Hot” da marca nacional Sergio Rosar. Outra modificação relevante foi a instalação de um Roller Nut para facilitar a troca de espessura de cordas nas experiências malucas que gosto de fazer. Por segurar muito bem a afinação, nunca coloquei a mão nas tarraxas, mas talvez a ponte no futuro receba um upgrade.



O que você diria as pessoas que não conhecem o modelo, ou que sempre ouviram falar mal sobre a Tagima, em razão do uso das madeiras (Marfim e Marupá) ainda verdes ou cruas no processo de secamento?


Ao longo dos anos os instrumentos Tagima viveram uma grande revolução. Foram muitas mudanças entre os instrumentos da década de 80, 90 e 2000. Tive a sorte de pegar um dos últimos instrumentos da época em que a marca fazia réplicas perfeitas do design Fender. Logo após comprar este modelo (TG-635) a marca parou a produção e lançou a 735 muito diferente, tanto em desenho, como acabamento e madeiras. Foi aí que vi uma queda enorme de qualidade nas madeiras que o pessoal tanto fala. Para outros modelos iguais a este que tive oportunidade de ver a qualidade se manteve igual, por isso assumo o risco de recomendar sem restrições.
Nunca tive problemas de som ou de empeno das madeiras nessa guitarra, e também nunca tive outro instrumento que segurasse tão bem a afinação. Me mudei de país duas vezes, e em uma das mudanças a guitarra ficou 3 meses em um navio e quando abri o case ela ainda estava afinada.

O que posso dizer de uma forma geral sobre qualidade de construção vale para qualquer instrumento, de qualquer país e/ou método de fabricação.

Cada instrumento é único. Só o músico com as suas experiências com o tempo vai saber avaliar a qualidade de um instrumento. Já toquei em Fenders que não me cativaram, e já fiquei besta com guitarras de 350 reais. Um instrumento não é como um celular, é impossível sair dois iguais de uma fábrica. Nem duas guitarras feitas da mesma tábua ficam iguais. Independente do que o povo fala, recolha as suas impressões, toque no instrumento sem preconceitos e use o bom senso na hora de comprar. E claro, evite ao máximo compras por catálogo. Não dá certo comprar guitarra “no olho”.


                                          Francisco Ferreira






Especificações:

Nome: Tagima

Modelo: Stratocaster
Série: 635
Madeira do corpo: Marupá
Madeira do braço: Marfim
Escala: Marfim 
Corpo - Shape: Stratocaster
Número de casas: 22
Headstock: Big Head
Neck Plate: Standard 4 furos
Configuração dos captadores: S/S/S 
Captadores: Alnico / Vintage Hot / Sergio Rosar
Chave seletora: 5 posições
Controle: 1 Volume - 2 Tone
Cores: Natural Wood
Ponte: Vintage Style - 6 parafusos
Tarrachas: Originais
Escudo e Knobs: Escudo White Pearl com Knobs brancos
Fabricação: Made in Brazil
Ano: 200?
Fabricante: Tagima
Período de Fabricação: 2000 / 2004

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