Guitarra: Cuidados X Obsessão

Olá galera, com o post de hoje definirei um hábito obsessivo entre a maioria dos guitarristas: quando o cuidado se torna uma obsessão.

Muitas pessoas não permitem que os amigos ou familiares toquem a mão em seus objetos, daí a necessidade de criar um conceito onde a preservação parece o foco. Em museus, não é possível tocar na grande maioria dos objetos, a não ser que seja parte da amostra que o público faça algum tipo de interação com os objetos, nesse caso, abre-se uma exceção e o objeto é compartilhado entre todos. Mas entre os colecionadores, essa tendência é quase inexistente: a coleção é para ser admirada, apreciada, e não tocada. Para muitos, os instrumentos musicais não deveriam estar em museus e fora do alcance das pessoas, um instrumento parado se tornaria assim um instrumento obsoleto, sem vida, perdendo sua condição mais nobre e especial, a arte de fazer música. Quem nunca tentou pegar a guitarra do amigo para fazer um solo e percebeu que o cara ficou estranho? Ou que pareceu nem reparar no seu solo? Pois é, é bem capaz de que o mesmo estivesse desconfortável ao emprestar seu instrumento. Por isso, que sempre quando vou na casa de alguém tocar, busco levar as minhas coisas. Ou então vejamos o momento em que seu amigo pede a sua guitarra para mostrar aquele solo que tirou na noite passada, você passa o instrumento e milhões de coisas passam na sua cabeça: "será que ele está com as mãos limpas?", "será que comeu aquele pedaço de pão com maionese escorrendo e se lembrou de pegar o sabonete?", entre outras coisas muito piores que eu mesmo já pensei na ocasião. Então o amigo começa o solo do Joe Satriani e usa os Bends mais loucos possíveis, e você fica encarando a situação e o melhor que pode acontecer é arrebentar uma corda e você terá que comprar um jogo novo, pois você é um cara chato e não gosta de repor apenas a corda que arrebentou, ela é nova e ficará diferente das outras cinco, ou então o amigo toca aquela frase do Steve Vai em que usa a alavanca como se fosse arrancar do corpo do instrumento, muitas vezes é preferível nem olhar para a frente mesmo. Quem não gosta de compartilhar seus instrumentos, oriento que cole o selo em seu álbum do Facebook, ou melhor, imprime em escala maior e manda colocar uma moldura e pendura na parede do seu quarto, preferencialmente ao lado do seu amplificador e de suas guitarras. Quem não tiver uma Fender, não tem problema, vale até mesmo se você tiver uma Tonante... imprima pu faça um adesivo da imagem, é fácil e qualquer editor de imagens pode fazer o trabalho.

Eis a lista de obsessões:

- Lavar as mãos antes de tocar;

- Afinar a guitarra antes de tocar;

- Verificar novos arranhões antes de tocar;

- Não permitir que outra mão além da sua toque o instrumento;

- Jamais emprestar;

- Quando arrebentar uma corda, coloca um set novo;

- Depois que tocar, passa uma flanela nas cordas, no corpo e na escala;

- Eliminar digitais no corpo/verniz do instrumento com flanela;

- Pincelar a guitarra para tirar o pó;

- Tirar do case apenas quando for tocar ou quiser admirar;

- Não deixar o amigo usar a alavanca durante os solos com a desculpa que vai "desafinar";

- Nunca deixar pegar sol.

- Nunca deixar pegar umidade;

- Não deixar o amigo mudar a chave seletora de captadores com a desculpa que estraga;

- Verificar as palhetadas do amigo para ver se não vai arranhar o escudo;

- Camisa com botões ou calça jeans com botões ou pinos arranham o verniz;

E você, tem outra mania?

Imagens: Google imagens.

William de Oliveira