domingo, 4 de outubro de 2015

Em busca de uma lenda: Um violão perdido em Takayama


Olá amigos, para a postagem da coluna "Diário de um Strateiro" referente ao mês de Outubro, posso antecipar para o amigo leitor que será feita aqui a narração popular de uma incrível viagem pela terra do sol nascente. Tirar das ruas do Japão um instrumento vintage e emblemático como será narrado á seguir, não é tarefa para qualquer um, é tarefa para o super Fernando Temporão.




Eu tô em Takayama, uma pequena cidadela secular nas montanhas aqui no Japão, uma cidade serrana pitoresca e agradável. Fugido da loucura de Tóquio, já havia desistido de levar pra casa uma viola made in Japan (quem me conhece sabe que sou chegado à uma viola antiga). Tendo os japas construído excelentes violões como os Morris, Yamahas, Yamakis e Takamines nas décadas de 70 e 80, estava no meu script levar um exemplar pra casa. Mas por falta de tempo e de grana, desisti da ideia com bastante resignação até. 


Pois hoje, domingo de manhã, estou batendo perna por essa Teresópolis Japonesa e avisto uma feirinha livre na rua, dessas que as pessoas colocam as suas velharias à venda. Baús, chaveiros, máquinas fotográficas, mesinhas e toda sorte de bugigangas encalhadas e empoeiradas. 


Eis que surge na minha frente, ao chão, um Yamaha, todo sujo, servindo de mesa para bonequinhos, elefantes e potinhos. Friozinho na barriga. Viro pro tiozinho da barraca e pergunto quanto ele quer na viola, esperando um valor justo, aceitável. Ele diz: "Três mil Ienes". Pelo câmbio que paguei, isso significa exatos 99 reais, ou seja, o tiozinho não estava vendendo a viola, estava DANDO pra quem quisesse. Três mil ienes é o valor de um almoço.
Eu, que já estou com uma mala e mochilas enormes e mais o violão que trouxe pra fazer os shows, estava ao mesmo tempo querendo melar o negócio pra não ter que carregar tanta tralha, mas com a certeza de que não pegar o violão seria a negação do meu destino nessa viagem. 
Dei uma chance ao destino, virei pro tiozinho, fiz uma cara de que o violão estava maltratado, e disse "pago 2 mil ienes" (equivale a 66 reais). O velhinho sorriu, colocou o violão empoeirado no saco e me entregou.
Chego no hotel, verifico a etiqueta e descubro que se trata de um FG-201 fabricado no longínquo ano de 1976 no Japão, um violão raro, antigo, excelentes madeiras, sonzaço, loucura e desejo. Pelo preço de um combinado de sashimis.


"Que os anjos da música continuem iluminando esse caminho".


Fernando Penello Temporão

2 comentários:

  1. Olá estou quase pegando um desses, sabe de alguma especificação qto as madeiras, o tampo é solido ?

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    1. Como não tenho o violão, não tenho como dar essas especificações amigo. Abraços

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