Pau-Marfim é um nome usado para indicar pelo menos duas variedades de madeiras, oriundas da árvore Agonandra brasiliensis e, menos frequentemente, Balfourodendron riedelianum, que também é conhecida por Farinha Seca. O pau-marfim é uma espécie longeva, pertencente ao grupo sucessional secundária tardia (Durigan & Nogueira), freqüente em capoeirões e em floresta secundária, podendo surgir também em pastagens e, nesse caso, apresenta comportamento de espécie antrópica. As principais regiões fitossociológicas onde ocorre o pau-marfim são Floresta Estacional Semidecidual, formação Submontana e Floresta Estacional Decidual. Entretanto, essa espécie pode ser encontrada, em menor freqüência, na Floresta Ombrófila Mista (Floresta com araucária) e Floresta Ombrófila Densa, no alto da bacia do rio Ribeira. O pau-marfim é uma planta hermafrodita, cuja polinização possivelmente é feita por insetos pequenos (Morellato, 1991).
Os frutos são disseminados pelo vento e apresentam grande dispersão (Eibl et al.,1990). A floração e a frutificação se iniciam quatro anos após o plantio em solos férteis, mas, em regeneração natural, esse processo ocorre por volta dos quinze anos de idade (Durigan et al., 1997). Observou-se que o ciclo reprodutivo, compreendendo floração e frutificação, ocorre em períodos distintos nos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais. De agosto a dezembro ocorre floração no Paraná, de setembro a janeiro, em São Paulo, de setembro a fevereiro, no Rio Grande do Sul, de outubro a janeiro, em Santa Catarina e de março a abril, em Minas Gerais. Nesses Estados, a frutificação se dá entre maio e setembro, em São Paulo, em junho, no Rio Grande do Sul, de junho a outubro, no Paraná e de novembro a dezembro em Minas Gerais (Carvalho, 1994).
O pau-marfim ocorre sob os tipos climáticos subtropical úmido, subtropical de altitude, e temperado úmido. A precipitação anual média é de 1.000mm (São Paulo) a 2.200mm (Santa Catarina), sendo que na região Sul, exceto para o norte e noroeste do Paraná, as chuvas são uniformemente distribuídas ao longo do ano e, nas regiões Sudeste e Centroeste, são periódicas e concentradas no verão. O pau-marfim é uma espécie exigente, pois ocorre em solos de alta fertilidade química, profundos, bem drenados e com textura variando de franca a argilosa. Porém, tolera solos úmidos e pedregosos. durabilidade natural dessa madeira é baixa para apodrecimento e ataque de organismos xilófagos, devendo ser descascada, serrada e estaleirada logo após o corte. Contudo, a baixa resistência pode ser amenizada, pois essa madeira é permeável aos tratamentos preservantes, em autoclave. Trata-se de uma madeira flexível, podendo ser serrada e trabalhada sem dificuldade. A madeira de pau-marfim pode ser usada para fabricação de móveis de luxo, molduras, guarnições internas, portas, artefatos domésticos, peças torneadas, laminados decorativos, tacos para assoalhos, carpintaria e marcenaria em geral (Lorenzi, 1992). Os preços da madeira laminada de pau-marfim no mercado atacadista da Grande São Paulo foi cotado em R$10,58/m², em maio de 2005 (Florestar Estatístico, 2005).
Nome Científico: Balfourodendron riedelianum (Rutaceae).
Características: Quando adulta, a árvore atinge entre 6 a 20m de altura e diâmetro (DAP) entre 30 a 50 cm. Em alguns casos pode atingir 35 m de altura e 100 cm de DAP. Seu tronco é reto e cilíndrico, algumas vezes levemente tortuoso, apresentando fuste de até 15 m de altura. Perde as folhas durante a estação seca, pois trata-se de uma essência caducifólia. Contudo, supõe-se que esta espécie apresenta diferentes ecotipos porque freqüentemente são encontrados indivíduos com folhagens, mesmo em estação de descanso fenológico (Gartland & Salazar, 1992). A copa é, geralmente, larga e arredondada, com ramificação racemosa. Porém, podem ser também observados indivíduos com copas irregulares e achatadas (Carvalho, 1994). A casca externa é cinza a parda-acinzentada, com textura variando de lisa a áspera e repleta de lenticelas branco-amareladas, distribuídas longitudinalmente. Na casca externa verificam-se ainda cavidades de 2 a 3 cm de diâmetro, que se desprendem, sendo estas características da espécie e importantes para sua identificação. A casca interna possui coloração esbranquiçada, é dura e apresenta textura arenosa (Carvalho, 1994). As folhas são compostas trifoliadas e apresentam disposição oposta. O pecíolo mede de 3 cm a 12 cm de comprimento, com folíolos de lâminas elípticas e subglabras que medem de 5 a 12 cm de comprimento por 2,5 a 4,5 cm de largura. Em regeneração natural os folíolos podem atingir até 20 cm de comprimento, sendo, em todos os casos, o central maior que os laterais e com pontos pretos e domáceas nas axilas. Pode-se observar pontos translúcidos nas folhas e, freqüentemente, manchas fúngicas douradas (Carvalho, 1994). As flores são bissexuais, de coloração branco-amarelada, medindo de 2 a 3 mm de comprimento e se dispõem em panículas de 5 a 10 cm, bastante ramificadas. O ovário apresenta quatro carpelos e quatro lóculos, com duas séries de óvulos cada (Carvalho, 1994).
Os frutos são do tipo tri-sâmara, indeiscentes, lenhosos, coriáceos, secos e com quatro asas grandes, verticalmente radiadas. Possuem coloração verde quando ainda são imaturos e amarela a acinzentada quando maduros. Os fruto apresentam dimensões de 5 a 25 mm por 20 a 25 mm.(Silva & Paoli, 1996).
As sementes são elipsóides, bitegumentadas e ricas em substâncias lipídicas, que se acumulam nos cotilédones. Podem medir até 9 mm de comprimento, sendo encontradas de uma a quatro por fruto. Em caso de aborto, os lóculos são encontrados vazios (Carvalho, 1994).
Locais de Ocorrência: Encontrada naturalmente no Brasil, Argentina e Paraguai. No Brasil, a área de ocorrência natural do pau-marfim envolve os Estados de Minas Gerais, Paraná, Esírito Santo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul, compreendendo latitude de 20º S (Minas Gerais) a 29º 40’ S (Rio Grande do Sul). Ocorre em altitudes de 70 a 1.100 metros.
Madeira: Madeira pesada; cerne branco-palha-amarelado, escurecendo para amarelo-pálido, uniforme; alburno aparentemente não demarcado, branco levemente amarelado; grã irregular à revessa; textura fina; superfície lisa ao tato e medianamente lustrosa; cheiro imperceptível; gosto levemente amargo.
Aspectos Ecológicos: O pau-marfim é uma espécie longeva, pertencente ao grupo sucessional secundária tardia (Durigan & Nogueira, 1990), frequente em capoeirões e em floresta secundária, podendo surgir também em pastagens e, nesse caso, apresenta comportamento de espécie antrópica.
As principais regiões fitossociológicas onde ocorre o pau-marfim são Floresta Estacional Semidecidual, formação Submontana e Floresta Estacional Decidual. Entretanto, essa espécie pode ser encontrada, em menor freqüência, na Floresta Ombrófila Mista (Floresta com araucária) e Floresta Ombrófila Densa, no alto da bacia do rio Ribeira (Carvalho, 1994).
Durabilidade: A madeira de Pau-Marfim, segundo observações práticas a respeito de sua utilização, é considerada de baixa resistência ao ataque de organismos xilófagos. Quando enterrada apodrece rapidamente.
Referências utilizadas:
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