quinta-feira, 7 de maio de 2015

Vintage X Sucata X Raridade: Entendendo a diferença



    Fender Strato 1964

Pois bem amigos, em tempos onde uma guitarra da década de 90 é vendida como "vintage" pela maioria dos vendedores e, nesse caso, acompanhado da super valorização de instrumentos antigos ou "vintages", é preciso estabelecer critérios necessários de avaliação, caso contrário, qualquer coisa antiga será vendida como rara ou relíquia. Abordemos outras coleções, por exemplo, como os livros. Existem livros do século XX mais raros do que livros do século XVIII, pois a tiragem do primeiro foi menor do que o livro impresso em meados de 1700. Parece estranho, por exemplo, que um livro lançado em 1920 seja considerado raro e um livro com mais de 300 anos não. Nesse caso, como um critério a ser usado, é importante sempre buscar saber quantas unidades foram produzidas do modelo e por quanto tempo ou período durou o tempo de produção. Por tanto, um instrumento musical produzido em 2013 pode ser considerado raro se for único, ou seja, apenas uma ou algumas poucas unidades existentes, comparando com um instrumento de cinquenta anos atrás, independente da marca ou modelo. Como um segundo critério, é importante estabelecer os padrões de construção da unidade, para buscar entender suas características além de sua simples aparência. Nesse caso, é importante saber a qualidade do mesmo, como por exemplo, uma boa safra de vinhos. Vintage é uma palavra anglo-francesa usada pelos enólogos para designar um ano de boa colheita de uvas, em que as condições climáticas e outros fatores favoreceram a produção de um vinho com qualidade diferenciada. O termo derivado dos vinhedos e utilizado aos vinhos com mais de vinte anos e "rotulados" para que fossem separados ou catalogados diferentes das safras atuais ou inferiores, parece ser amplamente utilizado em diversas categorias: carros, decoração, filatelia, objetos, moda, etc. Com o passar dos anos, o termo se popularizou e passou a ser usado em todas as coisas antigas ou, como alguns dizem, com mais de vinte anos. Além disso, outras fontes indicam que o termo vem do século XX, mais precisamente das décadas entre 20 e 50 e teria se tornado um modo de identificar tendências e características do período. Muitas pessoas não consideram objetos dos anos 80 ou 90 como vintage, mas parece que o termo vem sendo usado de forma banal: artigos dos anos 80 e 90 podem ser classificados como "novo vintage" enquanto que artigos com datação maior são categorizados como "verdadeiro vintage". Ao certo, o termo se popularizou e atualmente qualquer coisa antiga, independente da qualidade ou da tiragem de produção do objeto é chamada de raro/vintage. 

Critérios:

1° Tiragem e ano de produção da unidade;
2º Qualidade do item;
3º Características e histórico do item observado;
4º Estado de conservação do objeto;
5º Originalidade;

Headstock Fender Stratocaster 1956

Aqui a imagem de um headstock Fender [1956] do período pré CBS, considerado entre muitos como o período de "ouro" em relação à produção dos instrumentos musicais. Na imagem é possível perceber o estado de conservação e traços de envelhecimento do objeto. A madeira, já escurecida, aparenta aquele aspecto antigo e venerado pela maioria dos colecionadores, para outros, não passa apenas de um instrumento que não teria sido armazenado e exposto de forma adequada ao longo dos anos, como uma "sucata para ricos". Podemos dizer que o estado de conservação é fundamental para muitas coisas, estabelecer o preço é uma delas mas não a única, muitas vezes, o estado de conservação pode ser utilizado como referência para avaliar e datar o objeto. Quanto melhor conservado, mais torna-se desejo de consumo de colecionadores e teoricamente, aumenta o preço. Instrumentos com péssimo estado de conservação tendem a desvalorizar, o que não significa que possam ser baratos. No caso, os instrumentos Fender Pré CBS são bem valorizados, mesmo em péssimo estado de conservação, em razão dos critérios 1 e 2, apresentam tiragem limitada e em geral são bem avaliadas em relação à qualidade dos instrumentos.


Antonio Stradivari (1644-1737)


Bem como os violinos produzidos no século XVIII, existem unidades que atingem valores na casa de 1 a 3 milhões de Dólares, como os Stradivarius, e outros da mesma época que podem custar 0,1% ou nem chegar a 1% desse valor. São do mesmo período, com a mesma idade, mas avaliados de forma diferente. Falamos então sobre o histórico desses objetos e a importância que se dá ao nome do autor ou marca do fabricante [3º critério]. Por último e não menos importante, é preciso avaliar o estado geral ao que consta as peças do objeto. Instrumentos originais são mais caros do que instrumentos modificados e isso se deve ao fato dos colecionadores buscarem peças originais, mesmo que em estado de conservação regular. 


Braço Fender Stratocaster 1964


Headstock Fender 1954


Fender Strato 1955 


Braço Fender Stratocaster 1957


Fender Strato 1962


 Fender Strato 1962



Para saber mais:



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