Olá amigos, prometo que esse será o último post relacionado as lendárias guitarras Fender Southern Cross produzidas pela Giannini em parceria com a Fender no Brasil, nos anos 90, pois muito já foi postado aqui no blog sobre essas guitarras. Estávamos no grupo de guitarras brasileiras vintages debatendo sobre a SC quando algumas questões foram levantadas, mas a principal delas é: a SC pode ser considerada uma Fender?
Sim, tanto quanto as japonesas, mexicanas, coreanas e chinesas (Modern Player). A planta da Fugijen no Japão construiu guitarras Fender e todos chamam de Fender em razão de manter o conceito original e próprio da Fender. A planta da Giannini construiu ou tentou construir Fender no Brasil sem manter muito desses conceitos originais da stratocaster e por isso a galera se refere como ''está mais para Giannini do que para Fender''. Na verdade eu consigo compreender os dois lados.. quem chama de Fender e quem chama de Giannini.
O conceito que me refiro nem é sobre as madeiras, pois nos USA usavam vários tipos desde ash, alder e até poplar. O conceito original que me refiro é o esforço em manter as medidas padrões de construção que os japoneses preservaram de modo inquestionável, sendo comparado os instrumentos produzidos nos anos 80/83 aos pré CBS (principalmente aos instrumentos de serial VJ). Já aqui no Brasil, basta o cara pegar uma SC e medir. O corpo não segue os padrões dessas medidas.. nem no shape e nem no tamanho, talvez no peso.. mesmo que o Cedro seja mais pesado do que em comparação ao Alder, não sei o que os funcionários da Fender que vieram ao Brasil inspecionar a produção faziam que não se importaram com isso (O Carlos Assale confirmou em entrevista que um funcionário da Fender vinha inspecionar rigorosamente a produção). O braço também apresenta medidas sempre incorretas e não segue em NADA o padrão da Fender Stratocaster americano.. e não me refiro ao Marfim.. me refiro as medidas e na construção. As primeiras construídas no Brasil e que receberam o selo de Squier Series também apresentam todas essas erratas, mas ainda considero muito melhores que a série adesivada ou rotulada de Southern Cross.
Quanto as madeiras, no japão se fez Fender de Basswood e Maple asiático, então, não vejo muita diferença conceitual no emprego das madeiras onde cada país utiliza aquilo que de melhor tem a sua disponibilidade em termos de matéria prima, se bem que a Fender nos anos 60 utilizou Jacarandá (Rosewood) que é uma madeira nativa brasileira. Então eu penso: A Southern Cross é Fender? SIM. Mas não mantém o conceito e os padrões da Fender. E não me refiro a madeira, tanto faz se é de Cedro, Baswood, Ash ou Alder, deveriam preservar o mesmo shape e as mesmas medidas e padrões dos americanos.. os japoneses e os mexicanos conseguiram.. mas aqui o amadorismo da Giannini falou mais alto. Eu penso isso. Quer colocar um logo da Fender e vender como Fender? Independente se for aqui no Brasil ou do outro lado do mundo, deveriam manter rigorosamente os padrões da Fender, mas a Giannini nunca fez isso (ou não conseguiu). Se é para construir uma Stratocaster com medidas e padrões diferentes da Fender, então, chama de outra coisa.. e não de Fender. Até mesmo os americanos perderam a mão durante um pequeno período do início dos anos 80, mas se reestruturaram porque viram que estavam cometendo um erro grave que poderia levar a empresa à falência.
Seria muito legal no Brasil ter Fender de Cedro e Marfim com escala de jacarandá, ou apenas em uma peça única de Marfim no braço, ou seja, madeiras brasileiras.. mas que fosse sério! O que a Giannini e o Assale fizeram, que me desculpem os adoradores do Carlos Assale, não foi sério. O projeto do saudoso Carlos Assale, criador da Dolphin, infelizmente não faz força aos projetos da Fender nos outros países. Há quem pense diferente e eu respeito, mas não vi padrões se repetindo nas três Southern Cross que eu tive, cada uma era de um jeito. Claro que não estou afirmando que é papo do Assale quando ele disse que os funcionários da Fender vinham fiscalizar a produção, mas mesmo as primeiras não tinham as medidas e nem os padrões da Fender, eram apenas Stratocasters que de alguma forma se pareciam com as Stratocasters americanas.
Sobre o timbre das SC, para quem se pergunta se pode ser comparado ao timbre das americanas, a resposta é não! As stratos possuem sons e timbres diferentes e isso não necessariamente se justifica apenas aos captadores. Ninguém sabe a resposta, se é devido a madeira envelhecida.. se devido as medidas ou até as camadas de tinta que podem influenciar no som. Cada um inventa uma teoria. O fato é que existem diferenças timbrísticas entre as stratos. A resposta pode ser encontrada nesses pequenos detalhes, a forma como os captadores eram construídos e enrolados a mão nos anos 50, bem como o material utilizado para construir os captadores, o cuidado nos detalhes do shape e nas medidas exatas.. acho que tudo acaba influenciando. Leo Fender costumava dizer nos anos 50 que construir uma guitarra boa era fácil, o difícil era construir instrumentos bons em escala, pois eu acho que ele sabia que cada instrumento é único, não existem dois iguais.
Ainda aproveitando o debate no grupo de guitarras brasileiras vintages e reescrevendo a opinião do amigo Moisés Figueiredo, profundo admirador das Stratocasters, "Já vi SC de 4,2cm de espessura à 4,5cm; com o shape variável entre elas. Fico pensando se não existia gabarito para as tupias da fábrica da Giannini... ou se era tudo na serra de fita, daí justificaria a falta de padrão". Outro amigo colecionador e apreciador de instrumentos vintages, Leonardo Soares comentou: "Agora, se está no padrão de uma AMSTD, parece que não, ainda que isto não seja visualmente perceptível a olho nu a mais do que algumas dúzias de pessoas mundo afora. Igualzinha, milimetricamente, sabemos desde sempre que não é. A questão é se os milímetros de diferença na espessura ou em alguma parte do corpo, ou no head ou no raio da escala dão a ela alguma característica que a faça não parecer uma Stratocaster em termos de tocabilidade, timbre ou visual. Minha resposta pessoal para as 3 é: não. Existem diferenças? sim. As diferenças tornam ela outra guitarra que não uma Stratocaster? Não. Que eu me lembre, apesar do padrão geral, a própria Fender tem muitos desvios de rota em suas guitarras USA."
Vamos ao Quiz de perguntas e respostas:
* Se eu customizar com hardware Fender USA uma Souther Cross, ela não terá diferenças para a americana? MITO.
* A Fender Southern Cross é considerada uma legítima Fender? Verdadeiro.
* A Fender Southern Cross não perde nada para as japonesas, americanas ou mexicanas? MITO.
* A Fender Southern Cross são a mesma coisa que as Giannini Stratosonic da mesma época? MITO.
* A Fender Southern Cross tem as mesmas madeiras das Giannini Stratosonic dos anos 90? Verdadeiro.
* Existem Southern Cross consideradas "moscas brancas" por terem hardware americano de fábrica? MITO.
* Foram produzidas apenas 5000 unidades das Fender Southern Cross nos anos 90? Verdadeiro.
* Passados mais de vinte anos do lançamento das SC no Brasil, restam bem menos de 5000 unidades? Verdadeiro.
* As primeiras produzidas com o selo Squier Series eram melhores acabadas ou construídas que as SC? Verdadeiro.
* Muitas SC tiveram parte do logo raspadas como o "Made in Brazil" para se fazerem passar pela americana? Verdadeiro.
Quer saber mais sobre as Fender Southern Cross? Cheque essas outras postagens do blog:
http://guitarrasdeumstrateiro.blogspot.com.br/2014/10/fender-brasileira-o-fim-da-parceria-com_3.html
William Martins de Oliveira
Que aula, cara. Parabéns pela análise. Tenho uma dessas, dou muito valor, muito valor mesmo. Mas, sei reconhecer as limitações da menina. Assim como também seu potencial. Agradeço, em nome de todos os leitores, os conteúdo de ótima qualidade que vem nos oferecendo de maneira voluntária aqui no seu blog. Tenho também outras duas Stratosonics. Muito da minha paixão por essas stratos, que me levou a adiquiri-las, com muito esforço, ao longo do tempo, vem do conhecimento que adquiri sobre ela através do conteúdo que vc publica aqui e em outros espaços. Espero um dia poder conhecê-lo e trocar mais informações contigo. Mais um vez parabéns e obrigado! Fique com O BOM DEUS! E humildemente peço que continue com esse trabalho!
ResponderExcluirOlá amigo, obrigado por compartilhar sua satisfação. Algumas pessoas questionaram a publicação porque pensaram que eu critiquei muito a Southern Cross, a verdade é que eu também curto muito essa guitarra.. até mesmo porque já tive três delas.Eu é que agradeço pela disposição de cada um de vocês que tem acessado o conteúdo do blog. Muitas vezes eu escrevo e publico um material e não sei se ficou bom (caráter informativo) ou fico com a sensação de estar escrevendo para ninguém, pois não sei se o post terá acessos. Minha pretensão sempre foi compartilhar de maneira voluntária conhecimentos, experiências e informações sobre as Stratocasters. Caso queiras entrar em contato comigo pelas redes sociais, procure por meu nome no Facebook. Atenciosamente, William Martins de Oliveira
ExcluirOi, William! Tudo em paz, agradeço a atenção e a resposta ao meu comentário. Vivo um pouco corrido mas sempre q posso estarei aqui pois me interesso demais sobre o assunto. Além da Southern Cross, tenho uma Stratossonic (a versão com dois "SS"). Tenho muita vontade de adquirir uma da outra versão, com apenas um "s" e assim, aos poucos vou montando minha humilde coleçãozinha. Por falar nisso, quero te parabenizar pela sua coleção, cara, queria um dia ter o prazer de conhecê-lo e conhecer suas preciosidades pessoalmente. Sou do interior de PE, quem sabe um dia apareço aí pela sua terra hhahahahah bom trabalho e espero um dia também poder dar uma contribuição para seu blog que, para mim é referência. Valew
ExcluirNo lado direito na parte inferior do blog eu coloquei links para que todos vocês possam nos conhecer melhor e nos adicionar no Facebook. Além do meu perfil, coloquei também dos colaboradores. Compartilhe comigo sua coleção, vou querer que você me mostre algumas fotos e quem sabe inclusive compartilhar aqui no blog para que outras pessoas possam ver sua coleção! Abraços!
ExcluirÓtima postagem! Esse ano consegui adquirir uma Fender Southern Cross e desde então passei a fazer várias pesquisas, não só sobre essa série mas sobre a Fender em geral. Acredito que exista um preconceito muito grande contra as SC. Mesmo eu sendo proprietário de uma reconheço as limitações dela e ao mesmo tempo vejo o potencial que essa guitarra tem. Infelizmente, em ambos os lados existem muito mais mitos do que verdades quando pesquisamos a história dela. Desde vendedores canalhas tentando enganar um desinformado, proprietários cegamente apaixonados e críticos de plantão que adoram ver falha em tudo.
ResponderExcluirMas é fato que ela é uma guitarra excelente, é uma Fender de verdade. O problema são os mitos (tanto positivos quanto negativos) que rodeiam a história dessa guitarra.
Parabéns pelo Blog, o conteúdo é excelente, bastante informativo e útil!
É verdade Juan, de fato muitas pessoas falam mal do instrumento sendo que tiveram poucas experiências com o mesmo (ou ás vezes até nenhuma). É bem isso mesmo, ou vejo fanáticos falando que não tem nenhuma diferença para a Fender americana, ou vejo pessoas falando muito mal do instrumento.. e na verdade não é nada disso. Abraços e valeu por pesquisar aqui no blog!
ExcluirA Giannini teve tudo pra se consagrar mundialmente mas não fez isso, tenho varias stratos Giannini dos anos 90 mas esta SC nunca tive mas é do meu tempo e me lembro do seu lançamento.
ResponderExcluirAs stratos Giannini não tem padrões mesmo uma tem um degrau aqui outra tem uma medida a menos ali e é assim mas não são guitarras ruins bem reguladas chegam a ser medianas
É verdade amigo, uma pena que aqui no nosso país nada é levado muito a sério, não seria muito diferente com as guitarras.. ainda mais se tratando dos anos 80 e 90. Abraços.
ExcluirO problema é o custo Brasil, não tem como uma empresa Brasileira concorrer com empresas de fora. Aqui tudo o que você produzir sairá mais caro. Triste realidade.
ExcluirAcabei de adquirir um exemplar da fender SC, so que percebo um relevo estranho no adesivo fender, estratocaste e Southern cross. É asim mesmo ?
ResponderExcluirCara, não sei de qual relevo estranho o amigo se refere, por gentileza me envie fotos para o contato lwnk@bol.com.br para que eu possa avaliar. Abraços!
Excluirtenho uma southern cross que foi comprada no antigo Mappin (teatro municipal SP)...Já foi compara muitas vezes com outras Fenders e cosiderada melhores que algumas Japonesas e Mexicanas, só perdendo para as americanas...Há alguma possibilidade de que tenha a parte elétrica e caps de uma Fender Americana, pois o som dela é muito particular,digo, chega muito perto de uma fender americana...
ResponderExcluirSimples de resolver sua dúvida amigo, basta abrir o escudo e conferir captadores e parte elétrica. Os originais eram em cerâmico, bem fracos e limitados por sinal. Se os seus forem de alnico, as chances de ter recebido um upgrade são muito grandes! Abraços!
ExcluirExiste uma conversa de que o fracasso da linha SC foi uma jogada suja da Giannini pra cima da Fender.
ResponderExcluirFazer as coisa mal feitas levou a Fender a romper o contrato, pra preservar o seu nome, e com isso a Giannini foi indenizada, levando uma boa quantia. E com tudo aprimorou a linha de produção, pegou o knowhow da Fender... em fim só tirou vantagens.
Na minha lembraça essa epoca coincide com um período que a Giannini deu um up na sua fábrica, mito ou verdade ninguém vai saber!
Mas acreditar que não conseguiram manter o padrão da produção por falta de mão de obra e o custo Brasil inviabilizou está mais pra conversa fiada!
PS:
Eu tive 3 SC, quanto mais nova pior!
A menos ruim foi uma com selo Squier, o contorno do corpo até batia com o da American Standard, mas as cavidades eram mal cortadas e o encaixe do braço um fiasco.
As outras duas com selo SC, uma tinha a ponte desalinhada e a outra estava sucateada de mais pra avaliar.
No fim aproveitei apenas o braço da SC com selo Squier e o resto me desfiz.
Abraços
As moscas brancas foram confirmadas pela própria Giannini... esta informação está correta... corrige ae...
ResponderExcluirTenho uma dolphin Carlos assale, igual a southern Cross, muito boa.
ResponderExcluirAnálise pedante, improdutiva e, certamente, de quem não viveu na estrada com diversos tipos de guitarras e, se viveu, não aprendeu.
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